segunda-feira, 2 de julho de 2012

Música Brasileira Independente em alta


Mercado fonográfico: Novos Canais

Folha SP

Gravadoras Independentes diversificam atividades


Independentes buscam novos negócios para ampliar faturamento
O músico Chico César, dono da Chita Discos, que fez parceria com grandes gravadoras para garantir distribuição

A ideia de crise no mercado fonográfico se repete como disco quebrado. Mas, enquanto lutam para aumentar a venda de CDs, as gravadoras apostam em diferentes canais para superar a estagnação.
Nessa toada, a área digital (telefonia móvel e internet), as associações com anunciantes, os licenciamentos, o agenciamento e a promoção de artistas são alternativas necessárias para alcançar bons resultados.
A transição é feita entre um modelo de negócio único de venda de suportes físicos e um multimodelo, destaca Paulo Rosa, presidente da ABPD (Associação Brasileira de Produtores de Discos).
O que era antes praticamente a única fonte de receita de um produtor fonográfico passa cada vez mais a dividir espaço e importância com outras fontes de receita derivada de música, acrescenta Rosa.

Pequenas

Nesse contexto, o espaço para as pequenas empresas vem crescendo. Na década de 1990, com a chegada das tecnologias digitais de gravação e a redução dos custos de fabricação dos CDs, surgiram centenas de gravadoras de menor porte. Até então, o mercado era constituído basicamente pelas companhias multinacionais, conhecidas como majors.
Segundo a ABMI (Associação Brasileira de Música Independente), que tem 120 gravadoras associadas, há cerca de 200 gravadoras independentes no mercado, ou seja, que não estão listadas entre as majors.
O papel das independentes no cenário é reconhecido pelas multinacionais. Nunca se produziu tanta música quanto hoje. Essa profusão produtiva envolve os independentes em todos os lugares do mundo, afirma Sergio Affonso, presidente da Warner Music Brasil.
Segundo João Moreirão, vice-presidente da ABMI, as independentes são responsáveis por 80% da música gravada no país. Quando se fala de consumo, os números se invertem: 80% dos produtos comercializados são das majors, e só 20% das vendas correspondem às gravadoras menores.

Parceria

Para dar vazão aos seus produtos, um dos caminhos encontrados por pequenas foi a parceira com majors.
O cantor e compositor paraibano Chico César, 45, criou seu próprio selo, que também é estúdio e editora, a Chita Discos. Uma major distribui melhor meu trabalho no mercado, conta César. Assim, ele é beneficiado com o investimento em marketing, na distribuição e na fabricação.


FORMATO ÚNICO NÃO FUNCIONA

Quem não se adapta à realidade do mercado não consegue se manter no ramo fonográfico.
É o caso da gravadora independente Kuarup Discos. Após 31 anos no mercado, a empresa fechou as portas no final de 2008. A crise do CD é irreversível e tornou inviável nosso modelo de negócio, diz o ex-dono da Kuarup, Mario de Aratanha, 64. A empresa havia se verticalizado em direção ao disco e se afastou das outras fontes da cadeia produtiva da música, avalia.
Aratanha aproveitou sua experiência no setor e investiu na CineViola, que produz DVDs musicais.

VENDAS DE CDS E DVDS REGISTRAM AUMENTO ENTRE AS GRANDES

Depois de três anos de retração, o mercado brasileiro de música teve um crescimento de 6,5% entre 2007 e 2008, de acordo com dados divulgados no mês passado pela ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Disco).

O número engloba receitas de vendas de CDs e DVDs, além da comercialização de produtos musicais no mercado digital (telefonia móvel e internet).

Foram contempladas nos dados apenas as dez gravadoras associadas à ABPD, que são cinco companhias multinacionais e cinco gravadoras independentes de grande porte. No total, o segmento musical movimentou R$ 359,9 milhões.

No Brasil, as vendas de produtos físicos (CDs e DVDs musicais) apresentaram um crescimento de 4,9%, enquanto as vendas no mercado digital subiram 79,1% em 2008, na comparação com 2007.
Nós somos uma companhia de música. O que está em transição são os canais de distribuição, mas o conteúdo nunca foi tão valorizado, destaca Marcelo Castello Branco, chairman da EMI Music South America e presidente da EMI Brasil.


COMO OS JOVENS CONHECEM NOVAS MÚSICAS

Estudo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) apontou que 32,6% dos cerca de mil jovens ouvidos em 2008 sempre conhecem música por meio da internet, em sites de download. Amigos (54,1%) e rádio (51,4%), no entanto, foram os mais citados como fontes com que sempre conhecem música nova.

SEGMENTOS DIGITAIS ENGORDAM A RECEITA

Telefonia móvel e sites são canais para distribuição

O segmento da música digital representou 12% do mercado fonográfico em 2008. Dessa fatia, 78% (R$ 33 milhões) vieram da telefonia móvel, e 22% (R$ 9,68 milhões), da internet, de acordo com a ABPD.
Artistas, gravadoras e editoras precisam de um formato de música que funcione no maior número possível de aparelhos, orienta Marinilda Boulay, pesquisadora e organizadora das publicações Guia do Mercado Brasileiro de Música e Música: Cultura em Movimento.
A Trama criou sua fórmula para ampliar o número de fontes de receita. Além de fazer produção de shows, programas de rádio e de televisão, música para videogame, álbuns virtuais e CDs, a gravadora tem estúdio e editora.
Com o patrocínio de anunciantes, é gerado faturamento nos álbuns virtuais, conta João Marcello Bôscoli, 38, fundador da Trama.

CELULAR

Por ser um setor em que os downloads são mais facilmente controlados, a telefonia móvel é hoje responsável pela maior fatia do faturamento no mercado digital da música.
A Takenet, que licencia e disponibiliza conteúdos musicais para celulares e atua com as principais operadoras do país, tem cerca de 200 contratos com gravadoras independentes, de acordo com Juliano Braz, diretor de operações.

O faturamento com os ringtones pode ultrapassar R$ 100 mil por ano para independentes, aponta Braz.
O iMusica, empresa de gerenciamento de música digital, tem um acervo de 3 milhões de faixas, das quais 2 milhões são de gravadoras independentes. Com um CD entregue pela gravadora, distribuímos para cerca de 200 serviços no Brasil e no mundo, afirma o presidente, Felippe Llerena. Em média, 80% do lucro é repassado para as gravadoras. O iMusica fica com 20%.

O MySpace, site que reúne 170 mil artistas brasileiros, deve criar, até o final do ano, um mecanismo de venda de faixas musicais. Serve como popularização do artista e marketing e traz outros benefícios subsequentes, como a remuneração pelo direito autoral, explica Emerson Calegaretti, presidente do MySpace no Brasil.




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