sábado, 22 de março de 2014

NATAN CASTRO ENTREVISTA FERNANDO ATALLAIA PARA O BLOG TEMPO DE MÚSICA

Entrevista - Fernando Atallaia (Parte II)  


Segunda parte da entrevista desse artista que é tido por alguns como o mais prolífico de uma geração e por outros como um verdadeiro pária, detentor de uma visão bastante critica sobre diversos assuntos, dentre eles a cultura. Assunto esse que é a tônica dessa segunda parte da entrevista concedida a Natan Castro. 

Blog Tempodemúsica- Já tem algum tempo que você vem divulgando em seu blog, e em alguns jornais da grande Ilha o Movimento Baluarte. Do que trata esse movimento e quais são os outros integrantes, além de você mesmo?



Fernando Atallaia- O movimento foi fundado por mim em 2010, e contou com um lançamento oficial no projeto ''Canto da Ema'', à época com sede em Paço do Lumiar. Acreditamos ser o Baluarte o único movimento de caráter reflexivo e afeito ao debate cultural no estado, e com a capacidade de pensar as artes e o fenômeno cultural sob os mais diversos prismas. Há um manifesto igualmente lançado, onde há a síntese englobadora de nossas intenções. Além de mim, nomes expressivos da modernidade artística maranhense integram o MSCB( sigla para Movimento da Mobilização social e Cultural Baluarte), a exemplo dos cantores e compositores Fábio Allex, Santa Cruz, Célia Leite, Allysson Ribeiro, Fran Moreira,Well Matos,  Riba Salgueiro, Marcos Boa Fé, Célia Sampaio. Só para citar alguns. Há representantes também nas cidades de Raposa, Pinheiro, São José de Ribamar, Alcântara, Caxias, Paço do Lumiar e Pedreiras. 



Blog Tempodemúsica- A música produzida no Maranhão começou a ser denominada por alguns no início dos anos noventa, como “MPM”. Sendo a mesma uma regionalização da sigla nacional conhecida como “MPB”, gostaria que você falasse da sigla e nos dissesse em que ponto ela se difere de outra sigla criada por você, a “MPU”?
Fernando Atallaia- O Movimento Baluarte repudia essas designações grosseiras e limitativas. Quando lançamos a MPU, que significa Música Popular Universal, foi justamente como maneira de mostrar o quanto se pensou de forma medíocre o fazer musical no Maranhão. É uma forma de dizer não a essas nomenclaturas escrotas que tentam reduzir o artista do estado a uma configuração pequena. À própria pequenez. Diga-me, você já ouviu falar algum dia em MPC, Música Popular Carioca? A resposta é não. Mas aqui no Maranhão foi colocado e colou. E o que nós ganhamos com isso? A nefasta posição contrária de nosso povo e seu niilismo por nossa musicalidade. Sua negação. Nosso movimento é contra esse reducionismo. Essa coisa de música maranhense não existe. Nunca existiu, assim como não existe MPI, Música Popular Irlandesa, por conseguinte, não existe MPB. Esse protecionismo é bobo, imaturo e atrapalha na construção de uma real dimensão de nossa portentosa cultura musical. Em contrapartida, agora todos tem a MPU, que pode ser ao mesmo tempo a música do Maranhão e o Folk norte-americano; a música Celta e o Samba brasileiro. A quem acha que essa discussão acaba no campo da estética, gostaria de dizer que estamos falando da deflagração de uma realidade que nos foi usurpada, ultrajada, roubada. Sempre nos privaram do direito de  ser universal.  Podaram-nos e aceitamos. O movimento Baluarte indica o caminho para um despertar. Para a consciência multicultural num estado onde a música folclórica  impera como símbolo  maior de nossa representatividade. O que é uma grande mentira. 



Blog Tempodemúsica- O Maranhão é reconhecido atualmente como o Estado que possui a maior diversidade de ritmos do Brasil. Ainda no século XIX era conhecido como Atenas Brasileira, haja vista a quantidade de intelectuais que surgiam vindos dessas terras. Em 2007 o tambor de crioula foi alçado a patrimônio cultural imaterial Brasileiro, temos dois dos maiores poetas brasileiros da atualidade Ferreira Gullar e Nauro Machado, fora as demais personalidades que se sobressaem no campo da cultura, todos filhos do Estado. Em face dessas constatações qual seria a causa, se é que existe uma ou várias, que fazem o Estado não possuir um lugar de expressão na cultura no âmbito nacional nos dias atuais?  


Fernando Atallaia- Essas ‘’honrarias’’, homenagens e mesmo a nossa diversidade rítmico-musical nunca atuaram como protagonistas do espetáculo. Esta é a razão. Nossas expressões mais ricas sempre foram utilizadas ao bel prazer daqueles que vez por outra se utilizam delas como pano de fundo para a construção de um marketing ilusório.  Diferentemente de estados como Bahia, Pará e Pernambuco, onde alguns governos investiram na Cultura, concebendo o seguimento como força autóctone, livre e área emblemática da governabilidade. Haveria de ter, claro, um esforço conjunto e agregador que na prática teria de mobilizar a indústria cultural( fonográfica, editorial, e de marketing cultural) ao lado das políticas públicas para Cultura, para se iniciar o processo de chegada a este âmbito. Agora falar nestes termos num estado onde se aprisiona o seguimento em ridículos dois únicos momentos,  e dentro da parca promoção de eventos é no mínimo patético. Qualquer indivíduo sem o mínimo de consciência do que acontece em nossa capital , em nosso estado, saberá conhecer o Maranhão pelo Carnaval e São João, duas datas que  hoje são tidas  como sendo a voz da cultura e dos artistas de todo um estado, rico, literária e artisticamente, como você bem frisou. Aí a mim, eu pergunto: nossa Música Erudita, não existe? Nossas bandas de Rock in Roll não existem? Nossas Artes Plásticas não existem? E a nossa Dança, o nosso Teatro? Vou ficar por aqui. Porque boa parte dessa infame realidade imposta por nossos governos tem muita conivência de alguns viciados em alimentar essa cultura do Pão e Circo. Então, é simples.  Enquanto este conceito não mudar, não teremos essa tão esperada representatividade nacional. Esse estopim cultural que já deveria ter acontecido desde os anos 70. 



Blog Tempodemúsica- A qualidade de nossos compositores é conhecida por muitos há bastante tempo. No final dos anos sessenta e inicio dos anos setenta vimos a música da Bahia e logo depois a de Minas Gerais explodindo no cenário musical brasileiro, nos anos oitenta tivemos o rock de Brasília, nos noventa tivemos a explosão do Mangue Beat em Recife e atualmente a música Paraense vive seu apogeu de reconhecimento. A seu ver a música maranhense será a próxima? Ou não? Por que ainda não chegou a hora?  E qual seria a bola vez?

Fernando Atallaia- A exaustivamente intitulada música maranhense não tem vez pelo simples fato de ela nem sequer existir. Música é música e sempre retorna ao seu conceito originário. Música é combinação de sons, vozes, intenções, e música popular é diálogo com o povo, com o público. O que a música produzida hoje no Maranhão tem de relação dialógica com o seu público, com as pessoas, com o seu povo? Absolutamente nada ou quase nada. Uma música ‘’explode’’ em seu próprio estado quando representa as aspirações de seu povo e não as conveniências de seus governantes. Veja, o Manguebeat. Os recifenses, os pernambucanos veneram, protegem e foi sucesso lá, primeiramente. Em nosso estado há bons compositores, mas eles são espinafrados pelas secretarias, pela má vontade, pelas burocracias, pelos governos. Em outros estados já seriam ídolos e viveriam de sua arte musical. Aparições isoladas não vão resolver e minimizar o problema.  Estamos no olho do furacão. No centro de um problema sério. De um problema cultural que deve ser pensado sob pena de nossas maiores expressões musicais e artísticas não fornecerem ao seu tempo e à posteridade o que construíram ao longo de suas vidas como legado. Somos um estado que não dar a mínima para a memória musical e carreiras como as  de Alcione, Rita Ribeiro, Dilú Melo, Zeca Baleiro, João do Valeu e alguns outros  pertencem ao plano isolado da produção fonográfica, portanto não nos representam.

Blog Tempodemúsica- Temos duas instituições uma do Estado (SECMA) e outra da cidade de São Luis (FUNC), responsáveis pelo fomento da cultura no Maranhão. Qual sua opinião sobre os trabalhos das duas e qual papel elas vem desempenhando na disseminação da cultura em nosso Estado.
 Fernando Atallaia- Não fomentam, nem desempenham papel algum. Abrem as pernas para os artistas de outros estados a quem pagam com nosso dinheiro cachês exorbitantes, e dão migalhas para os seus próprios artistas a quem deveriam gerir, respeitar e nutrir. São instituições que gravitam em torno da política de seus mandatários e não apresentam um projeto contínuo, consistente e permanente à classe artista para quem, em tese, deveriam trabalhar. São duas instituições que operam com a mesma lógica e o mesmo conceito que é o de destratar os artistas de nosso estado lhes oferecendo o mínimo e dando o máximo aos das outras regiões. É aquela velha prática do endeusamento daquilo que pode ser vendido como bom  para a população local. Como a ‘’grande atração’’. Essas secretarias são guiadas pelos meios. Quero dizer, meios de comunicação. Deu no The Voice, contrata. Deu no Big Brother, contrata. É por aí. Ambas não tem compromisso algum com o fortalecimento de nossa identidade musical, sua viabilidade e sua difusão.
Blog Tempodemúsica- Gostaria que você comentasse a influência que a política propriamente dita, tem sobre a classe cultural do Estado. E também explicasse porque duas datas, a primeira o Carnaval e a segunda os Festejos Juninos parecem depois de uma análise nocivas à cena cultural do Estado.
 
Fernando Atallaia- A grande maioria dos artistas maranhenses quer dignidade, respeito e quer viver da música que produz. Acontece que o estado não propicia isto e para adestrar a todos, ainda se valendo do que ele mesmo ( estado) cria, passa uma ideia falsa de oportunidade. Tocar no São João e no Carnaval, seriam duas oportunidades. Há também, uma ala de artistas que há muito não são artistas ou talvez nunca o tenham sido, são burocratas, fazem parte do sistema de exclusão cultural dos governos, por essa razão se sentem confortáveis. Uma aprazibilidade perigosa para um estado que não é reconhecido, nem tampouco respeitado por seu povo, ao menos musicalmente. Ouço uma frase há décadas que diz ‘’ tira esse disco daí, isso é música maranhense, não presta’’. A gente ouve isso, todos os dias. Geraram para o público maranhense uma ojeriza à sua própria música, à sua revelia, coisa intencional. E de quem é a culpa? De quem estar lá e que poderia fazer alguma coisa, mas não faz. O cara é cooptado, se cala, ouve ‘’Calcinha com Vinagre’’, Mocotó do Forró’’ o dia todo na Secretaria, mas dentro do carro tira onda de intelectual, vai ouvir Heitor Villa-Lobos, dar uma de agente cultural, vai ler meu blog. Esse dualismo tem levado o Maranhão para o fundo poço e não é de hoje. Mas isso é na superfície. Obviamente, que há engrenagens muito mais pesadas que obstruem de forma direcionada a passagem para a verdadeira condição de grande musicalidade que nós somos. 

Blog Tempodemúsica- Fala-se hoje na formação de uma frente com alguns poucos artistas como você, tal frente teria a missão de fazer o resgate de artistas maranhenses do passado em diversas áreas da cultura. Visando também um encontro de gerações haja vista que muita gente da nova geração desconhece tais nomes. De que forma esse encontro se dará e o que todos os envolvidos esperam do projeto? 
Fernando Atallaia- Eu não sei nem saberia exatamente sobre esta frente. Acho que a palavra em si é meio fantasmagórica, abstrata demais e até golpista. Me propuseram isto uma vez, liderar uma frente e eu não topei. Disse não de cara. É como se uma turma fosse salvar a nossa Cultura em uma semana. Acho pejorativo, surreal. Frente, eu não concebo. Mas nós do MSCB estamos sim nos reunindo e nossos posicionamentos são sempre pautados em nosso Manifesto. O problema da Cultura do Maranhão passa, a meu ver, por ausências gritantes. Precisamos formar público/plateia para nossa música e arte autorais. Precisamos fortalecer nossa identidade cultural com ações sistemáticas e permanentes. Precisamos descentralizar nossa musicalidade em forma de shows para os bairros periféricos e precisamos, sobretudo, acabar com as ‘’pequenas corrupções’’ culturais nas instituições. Aquela coisa de se inserir quem tem  mais a ver com suas convicções pessoais em detrimento do conjunto. Esse espírito de ‘’amizadezinha’’, de panelinha precisa ser expurgado o quanto antes. Faz-se necessário em caráter de emergência o resgate de nossa memória musical e,  claro, a contemplação de nossa modernidade. Esse elo precisa ser construído. Falta apoio para a rapaziada que está fazendo som atualmente na cidade, fazendo Poesia, Escultura, arte em geral. Falta apoio e tudo o mais. Mas certamente não faltará apoio aos shows vindos de outros estados e que serão  comprados à preço de ouro pelas secretarias de cultura do estado e da capital no próximo evento organizado por  ambas. Disso, você pode ter certeza. Mas é contra essa postura que devemos reagir. Todos ganharão. Esperamos que o debate se acirre e que mais e mais pessoas, artistas ou não participem.

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sábado, 15 de fevereiro de 2014

QUEM TEM MEDO DE MULHER PELADA?

Quem tem medo de mulher pelada?

Azul é a cor mais quente: Rico em trama e criações estéticas, filme de Abdellatif Kechiche é atacado por suposto estímulo ao voyerismo. Alegação é tola

José Geraldo Couto, blog do IMS

Assim como O último tango em Paris ficou famoso – e estigmatizado – por causa da “cena da manteiga”, Azul é a cor mais quente está ganhando fama e estigma por causa de uma longa cena de sexo entre as duas protagonistas, Adèle (Adèle Exarchopoulos) e Emma (Léa Seydoux). Falaremos dessa passagem mais adiante. Por enquanto, cabe dizer que o filme de Abdellatif  Kechiche é muito maior do que os tão falados minutos de sexo sáfico, mas não pode ser compreendido plenamente sem eles.

Reduzido ao entrecho mais básico, Azul é a cor mais quente conta uma história de amor quase trivial, do tipo “boy meets girl etc.”, só que mudada para “girl meets girl etc.”, o que faz toda a diferença. Mas não é só essa mudança de gênero, ou de orientação sexual, que torna o filme mais rico e interessante que um drama amoroso convencional. É, principalmente, o modo como ele observa os personagens e suas transformações – em particular Adèle, que começa a narrativa como uma menina e termina como uma mulher.

Romance de formação

Esse processo de transformação se dá em paralelo – ou amalgamado – com a busca de identidade da protagonista. Identidade sexual, claro (pois ela encontra o primeiro grande amor numa mulher alguns anos mais velha, e muito mais vivida, depois de um experimento insatisfatório com um rapaz), mas também social, intelectual, político. Nesse sentido, é mais um “romance de formação”, ou uma “educação sentimental”, do que meramente uma história de amor.
O título original francês (La vie d’Adèle) é uma referência evidente ao livro que a protagonista lê na escola no início do filme (La vie de Marianne, de Pierre de Marivaux). E não deixa de ser interessante o paralelo subterrâneo que se estabelece entre a ascendência intelectual de Emma sobre Adèle e a ascendência intelectual desta sobre seu namoradinho de adolescência.
O bonito, no modo como Kechiche perscruta o desenvolvimento de Adèle, é deixar que ela mantenha suas zonas de sombra, sua opacidade irredutível. 

Apesar de ela estar em cena durante as três horas de filme, saímos da sessão não apenas com a impressão de não conhecê-la plenamente, mas também com a sensação de que ela própria não se conhece. Parece estar o tempo todo procurando sua turma, sem chegar a encontrá-la de verdade – e vai se construindo nesse processo de busca. Nos momentos em que Adèle se sente plena (como no parque, no primeiro encontro com Emma), uma luz estourada inunda tudo, ofuscando os contornos da personagem.

azul cor mais quente
Azul é a cor mais quente, Abdellatif Kechiche (2013)
Igualmente notável é o frescor com que entra na tela o entorno da protagonista, quase à maneira de um documentário: a sala de aula, as boates GLS, a passeata política, a parada gay, os jantares em família, a escola maternal, a festa de artistas, tudo flui, tudo respira com uma naturalidade impressionante.

Sem cerimônia

Voltamos então às comentadas cenas de sexo entre Adèle e Emma. Militantes feministas e ativistas lésbicas protestaram, acusando o diretor de explorar os corpos das atrizes, oferecendo-os ao voyeurismo (supostamente masculino). Confesso que não entendo. Numa encenação em que tudo é filmado de muito perto e sem cerimônia – a ponto de os corpos dos atores quase sempre serem vistos parcialmente –, o que há de errado em mostrar as duas protagonistas se amando apaixonadamente na cama?

Em outros momentos Adèle aparece: limpando a boca com a mão ao comer um lanche; dormindo de boca aberta; chorando como uma criança, com catarro escorrendo do nariz; erguendo as calças pela cintura, feito uma menina caipira. Por que não poderia aparecer fazendo sexo com a mulher que ama? Omitir isso seria o cúmulo da hipocrisia. Edulcorar a cena com contraluzes, fusões, câmera lenta e música romântica seria, além de hipócrita, de péssimo gosto.

O incômodo causado pelas cenas de sexo de Azul é a cor mais quente, em particular pela mais longa, é análogo às reações suscitadas pela trepada quase explícita entre dois homens que está no centro de Tatuagem, de Hilton Lacerda. Nos dois casos, muita gente disse: “Isso não era necessário”. Ora, o que é “necessário” num filme?

Há algo errado num mundo que considera natural ver na tela corpos perfurados, mutilados, torturados, mas julga “desnecessária” uma cena de amor homoerótico.

Truffaut costumava dizer, talvez não totalmente de brincadeira, que o papel do diretor de cinema é “mostrar uma mulher bonita fazendo coisas bonitas”. Pois bem: Kechiche mostrou logo duas, fazendo a coisa mais linda que elas poderiam fazer. Quem não quiser ver, que mude de canal, ou melhor, de sala.

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LEIA O POEMA ''UM DIA'' DO LIVRO INÉDITO ODE TRISTE PARA AMORES INACABADOS DE AUTORIA DO POETA MARANHENSE FERNANDO ATALLAIA




Um dia


Um dia seremos inteiros

Um dia seremos neutros

Um dia seremos verdadeiros

Um dia seremos ao contrário

Um dia seremos nada



E por isso um dia seremos inteiros

Um dia seremos fartos

E por isso um dia famintos de terceiros



Como tudo em tudo estraga

Como todos em tudo vagam

Um dia seremos mais essa piada

Que a eternidade em nosso apego



O que importa é que um dia a vida rasga

A face antiga que escondemos em outra face

E um dia então seremos noite

E a tarde sombria em seu acoite

Já havia expurgado nossa sorte



Mas um dia essa praga da manhã clara e sufocante

Acabará em sua essência

E o resto de incompletude e inconstância que escondemos

Estará guardado para sempre


Um dia(...)





Fernando Atallaia, São José de Ribamar, maio de 2008.

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